CONSTITUIÇÃO
APOSTÓLICA
BENEDICTUS DEUS
DO PAPA BENTO XII
BENTO
BISPO, SERVO DOS SERVOS DE DEUS
PARA
PERPÉTUA MEMÓRIA
SOBRE
A VISÃO BEATIFICA DE DEUS
Por esta constituição, que permanecerá
perpetuamente em vigência, Nós, com apostólica autoridade, definimos:
Que,
conforme a disposição geral de Deus, as almas de todos os santos que partiram
deste mundo antes da paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo, assim como as dos
santos apóstolos, mártires, confessores, virgens e dos outros fiéis que
morreram após o recebimento do santo batismo de Cristo – dado que não tinham
necessidade de serem purificadas ao morreram, ou não há de ser quando no futuro
morrerem, ou se, então, nelas tiver havido algo a purificar e tiverem sido
purificadas após a morte – e as almas das crianças renascidas pelo mesmo
batismo de Cristo e das que serão quando forem batizadas, e morreram antes do
uso do livre-arbítrio, logo depois de sua morte e da purificação mencionada aos
que precisavam de tal purificação, mesmo antes de reassumir os seus corpos e
antes do juízo universal, após a ascensão ao céu de Nosso Senhor e Salvador
Jesus Cristo, estiveram, estão e estarão no céu, no reino dos céus e no paraíso
celeste, com Cristo, junto da companhia dos santos Anjos.
E
que depois da paixão e morte de Nosso Senhor Jesus Cristo viram e vêem a
essência divina com uma visão intuitiva e até face a face – sem a mediação de
qualquer criatura como objeto de visão, mas a essência divina se revela a eles
de forma imediata, desnuda, clara e manifesta –; e que aqueles que vêem assim,
gozam plenamente da mesma essência divina, e, dessa forma, por essa visão e
fruição, as almas daqueles que já morreram são verdadeiramente bem-aventuradas
e possuem a vida e o descanço eterno, como também as dos que mais tarde hão de
morrer verão a essência divina e gozarão dela antes do juízo universal; e que
esta visão da essência divina a sua fruição fazem cessar nessas almas os atos
de fé e de esperança, uma vez que a fé e a esperança são propriamente virtudes
teologais; e, depois que esta visão intuitiva face a face e esta fruição teve e
tiver nelas início, esta visão e fruição – sem qualquer interrupção ou privação
desta visão e fruição –, permanecem ininterruptos e hão de assim continuar até
o juízo final e, a partir dele, por toda a eternidade.
Definimos
também que, de acordo com a geral disposição de Deus, as almas daqueles que
morrem em pecado mortal atual, logo depois de sua morte descem ao inferno, onde
com as penas infernais são atormentadas, e que, todavia, no dia do juízo, todos
os homens hão de comparecer “diante do tribunal de Cristo” com os seus corpos
para prestar contas de suas ações, “para que cada um receba o que lhe toca
segundo o que fez quando estava no corpo, seja de bem ou de mal” (II Cor. V,
10).
Decretado
no 29º dia de janeiro, do ano de Nosso Senhor de 1336, segundo de nosso
pontificado.
Bento
PP. XII
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