Um conhecido nosso se encontrava,
em 1858, na região de Vienne, no interior da França.
Numa reunião de amigos em que tomava
parte, falou-se a respeito de sessões espíritas em que mesas giratórias
respondiam a perguntas, e algumas pessoas presentes contaram que no ano
precedente experiências do gênero haviam alcançado sucesso.
Tendo aparecido nessa conversa
alguns incrédulos, ficou combinado que no dia seguinte se faria, ao meio dia,
uma sessão espírita daquelas.
Apesar de alguns terem certo
remorso de consciência, todos se reuniram à hora marcada e meteram mãos à obra,
observando exatamente as condições costumeiras.
Após duas longas horas de
tentativas, desvaneceu-se a última esperança de sucesso, e os amigos iam
separar-se, buscando descobrir a causa do incomum mutismo.
Uma jovem que participava da
reunião ponderou que algumas medalhas que trazia consigo, notadamente a de São
Bento, bem poderiam ter relação com o malogro.
Combinou-se então fazer outra
sessão espírita no dia seguinte, às oito da noite. Desta vez a moça deixou em
casa todas as medalhas, mas, assim desarmada, não quis tomar parte ativa na
sessão, conservando-se afastada, num canto da sala.
Ao cabo de meia hora, no máximo,
alguns estremecimentos se fizeram sentir e a mesa começou a ranger, o que fazia
prever que ela logo iria mexer-se por si.
Um médico propôs que ela, quando
quisesse falar, desse com um pé duas pancadas para dizer sim, e uma para dizer
não.
Com efeito, ela não tardou a
elevar-se no ar, com grande satisfação dos assistentes, que começaram a
interrogá-la, inicialmente a respeito de temas frívolos, e depois a respeito do
seu silêncio na véspera. – Pergunta: “Por
que não quiseste responder ontem? Seria porque a moça estava com a medalha de
São Bento?” – R. “Sim” (duas
pancadas bem fortes).
Passou-se a outras perguntas: P. “Como
te chamas?” A mesa foi então parando, como se convencionara, sobre cada uma das
letras do alfabeto correspondente à palavra que queria exprimir, indicando
sucessivamente: S. A. T. estas letras tiraram logo toda a dúvida, e cada um
adivinhou antes que a mesa terminasse a palavra.
Muitas pessoas retiraram-se da roda
cheias de terror; outras, mais imprudentes, prosseguiram as interrogações.
Foram feitas à mesa algumas
perguntas religiosas ou científicas, sobre as quais ela guardou completo
silêncio; duas vezes deitou-se de todo por terra com um movimento espontâneo;
após o que continuou girando. Perguntou alguém: “Quererás voltar amanhã?” A mesa respondeu afirmativamente, e a
mesma pessoa perguntou a que horas o desejaria; a mesa deu doze pancadas. – P. “Será ao meio dia?” – “Não”. – “À meia noite?” – R. “Sim”.
Tais respostas, além de muitas
outras que seria por demais longo transcrever aqui, produziram viva impressão
nos assistentes, fazendo neles desaparecer qualquer dúvida acerca do misterioso
agente que se exprime pelas mesas giratórias.
A sessão já se prolongava até as
onze horas da noite, e todos se retiraram, tomando cada qual a resolução de
andar sempre, daí em diante, com a medalha de São Bento.
(Livro A história maravilhosa
e a eficácia comprovada da Medalha de São Bento, Dom Próspero Guéranger)
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