Estes são os Mandamentos do Mundo
e
seu Verdadeiro Significado
1º. Conhecer
o mundo, isto é, estar a par das finezas amaneiradas do século e demonstrar
esse conhecimento.
2º. Viver honestamente, isto é, contentar-se com aparências de honestidade.
3º. Realizar
seus negócios, isto é, tomar o dinheiro por fim último da vida, sem o deixar
transparecer.
4º. Conservar o que é seu, isto é, ignorar a caridade, sob pretexto de
direito de propriedade, interesses de família, negócios, etc.
5º. Adiantar
na vida, isto é, ter ambições, ousadias, conseguir sem mérito pessoal nenhum.
6º. Fazer
amigos, isto é, não desdenhar relações de nenhuma espécie, ainda à custa da
consciência, para obter os desejosos fins.
7º. Frequentar
altas rodas, andar atrás das pessoas eminentes ou em evidência, a fim de
brilhar ao menos com a auréola dos outros.
8º. Viver confortavelmente, isto é, ter boa mesa, com pretexto de conservar
a saúde, manter as relações sociais, tratar de negócios, ou saborear coisas
boas para glorificar o Criador.
9º. Não
ser desmancha-prazeres, isto é, cultivar o bom humor mediante toda sorte de
prazeres, mesmo culpáveis, embora seja preciso negligenciar os deveres do
próprio estado.
10º. Evitar
singularidades, isto é, rejeitar a piedade, religião, obras de caridade, todo o
“exagero” das pessoas devotas
S. Luís
Maria Grignion de Montfort (A.E.S. pg. 121)
A Falsa Sabedoria do Mundo
Deus tem sua Sabedoria. É a única e verdadeira, que há de ser amada e buscada como um grande tesouro. Mas o mundo corrompido tem igualmente sua sabedoria. E ela deve ser condenada e detestada, como falsa e perniciosa.
A sabedoria do mundo é uma
perfeita conformidade com as máximas do mundo; uma contínua tendência para as
grandezas e estima; uma busca infatigável e secreta do próprio prazer e
interesse próprio, não de maneira grosseira e chocante, em pecados escandalosos,
mas de modo elegante, falacioso e político; porque, de outra sorte, já não
seria, como diz o mundo, sabedoria, mas libertinagem.
Um sábio do século é um
homem que conhece bem seus negócios e deles sabe tirar todo proveito temporal,
sem o dar a perceber; que conhece a arte de dissimular e enganar finamente, sem
que os outros suspeitem; que diz ou faz uma coisa e pensa outra; que nada
ignora dos ares e etiquetas mundanas; que a todos se acomoda para seus
intentos, sem ponderar muito em honra e interesse de Deus; que leva a cabo um
secreto mas funesto pacto da verdade com a mentira, do Evangelho com o mundo,
da virtude com o pecado, de Jesus Cristo com Belial; que quer passar por
honesto, mas não por devoto; que despreza, envenena ou condena facilmente todas
as práticas de piedade que não se adaptam às suas. Enfim, um sábio mundano é um
homem que, guiando-se somente pela luz dos sentidos e da razão humana, não
pretende senão revestir-se das aparências de cristão e honesto, sem se
preocupar muito em agradar a Deus e expiar pela penitência os pecados com que
ofendeu a Divina Majestade.
É tríplice a
sabedoria do mundo:
1. Ela é terrestre.
Os bens da terra. E desta sabedoria fazem secreta profissão os sábios mundanos,
quando apegam o coração ao que possuem e se empenham para tornar-se ricos.
Quando intentam processos e demandas inúteis para obter dinheiro ou para
conservá-los. Quando não pensam, não falam não agem, senão para alcançar ou
conservar qualquer ganho terreno; a confissão, a oração, etc, que fazem
superficialmente, como quem se desempenha de um ônus, a raros intervalos, e
para salvar as aparências.
2. A
sabedoria do mundo é carnal. O amor do prazer. E desta sabedoria
fazem profissão os sábios mundanos, quando buscam apenas os prazeres dos
sentidos. Quando gostam de boa mesa. Quando de si afastam tudo o que poderia
mortificar ou incomodar o corpo, como os jejuns e as austeridades. Quando,
ordinariamente, não pensam mais que em comer, beber, divertir-se, rir, passar
agradavelmente o tempo. Quando andam em busca de leitos confortáveis, jogos que
divirtam, festas agradáveis, companhias mundanas. E depois que sem escrúpulos
se deram todos esses prazeres, vão atrás de um confessor “o menos escrupuloso
que encontrarem”, a fim de obter assim, por pouco preço, a paz em sua vida
sensual e útil, e a indulgência plenária de todos os pecados.
3. A
sabedoria do mundo é diabólica. O amor da estima e das honras. E
desta sabedoria fazem profissão os sábios mundanos, quando aspiram, muito
embora secretamente, grandezas, honras, dignidades e cargos elevados. Quando se
esforçam para serem vistos, estimados, louvados e aplaudidos pelos homens.
Quando não colimam em seus estudos, trabalhos, lutas, senão a estima e louvor
dos homens, a fim de que sejam tidos por honestos, sábios, grandes líderes,
sábios jurisconsultos, pessoas de infinito mérito e grande consideração. Quando
não podem suportar o desprezo e a repressão. Quando escondem o que têm de
defeituoso e mostram o que possuem de belo.
É preciso, com
Jesus Cristo, detestar e condenar estas sabedorias falsas, a fim de obter a
verdadeira, que não busca seu interesse, que não é da terra, nem se encontra no
coração dos que vivem em seus cômodos, e que abomina tudo o que é grande e
prestigioso aos olhos dos homens.
S. Luís
Maria Grignion de Montfort (Amour de La Sagesse Eternelle, pg. 117 e ss)
Estes Mandamentos são Contrários à
Divina Sabedoria
Todos eles se
baseiam em pontos de vista naturalistas e pagãos. – questão de “honra”, “o que
vão dizer”, “não fica bem”, “todos fazem assim”, “é preciso aproveitar a vida”,
“ocasiões de bons negócios não se repetem”, “é preciso aparecer”, “não quero
ser ridículo”, etc.
Há virtudes particulares que os
mundanos canonizam, como a bravura, o destemor, a habilidade, a política, a
elegância, a sociabilidade, a arte de fazer amigos...
Como todas essas
considerações são contrárias à Divina Sabedoria! Que pensa o mundo da vida da
graça, da intimidade com Deus, da renúncia de si mesmo, do desprezo dos bens
materiais, do critério sobrenatural na apreciação de tudo, da divina loucura do
sofrimento e da cruz!
Deveras, a
“Sabedoria da carne é inimiga de Deus” (Rom 8,7)
As Vaidades do Mundo
Vaidade das
vaidades, tudo é vaidade, exceto amar a Deus e só a Ele servir (Ecl 1,2).
A suma
sabedoria é, pelo desprezo do mundo, caminhar para o reino dos céus.
E assim
vaidade é buscar riquezas perecedouras e pôr nelas a esperança.
Vaidade é
também desejar honras e desvanecer-se com elas.
Vaidade é
seguir os apetites da carne e desejar aquilo por onde depois hás de ser
gravemente castigado.
Vaidade é
desejar vida larga, e cuidar pouco de que seja boa.
Vaidade é
também olhar somente a esta presente vida, e não prever a que virá depois.
Vaidade é
amar o que tão depressa passa, e não buscar com fervor a felicidade que sempre
dura.
Lembra-te
amiúde daquele provérbio: “Não se farta a vista de ver, nem o ouvido de ouvir”
(Ecl 1,8).
Procura pois
desapegar o teu coração das coisas visíveis e afeiçoá-lo às invisíveis, porque
os que seguem o atrativo dos sentidos mancham sua consciência e perdem a graça
de Deus.
Imitação de Cristo (Liv. I, cap. 1, 3 a 5)
Excertos do livro: Consagração a Nossa Senhora - D.
Antônio Maria A. Siqueira - Ed. Santuário - 6a. Edição 1982
Extraído:http://almasdevotas.blogspot.com/2012/02/os-dez-mandamentos-do-mundo.html
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