A
Gesta Dei per Francos é um crônica que relata a primeira Cruzada, tem autor
anônimo, sabendo-se apenas que este fazia parte do exercito de Boemundo de
Taranto. A Gesta, escrita originalmente em latim, tem uma linguagem rústica, provavelmente
o escritor teve ajuda de um escriba.
Posteriormente ela foi reescrita visando beleza histórica e literária.
A
narrativa começa com o discurso do Papa Urbano II, convocando os fiéis à lutar
em defesa da fé em Cristo, seguindo caminho ao Santo Sepulcro. “Aquele que quiser salvar sua alma não deve
hesitar em pegar humildemente o caminho do Senhor, e se não tiver dinheiro
suficiente, a misericórdia divina lhe dará o bastante”. O senhor apostólico
exortou aos fiéis suportarem o sofrimento pelo nome de Cristo.
E
conforme esse discurso começou a repercutir por toda a região, os Francos
mandaram costurar cruzes sobre seu ombro direito, dizendo que seguiriam
unanimemente os passos de Cristo, pelos quais tinham sido resgatados das garras
do inferno.
O fracasso da Cruzada Popular
O Papa Urbano II e seus
sucessores exortavam à Cruzada com explícita exclusão daqueles que não tinham
condições de combater ou habilidades para isso, como anciãos e mulheres.
Pedro, o Eremita, desobedecendo ao papa, com seus
inflamados discursos congregou uma multidão de populares, incluindo crianças,
incapacitados para uma campanha militar do fôlego da Cruzada, contra inimigos
da força bélica e da ferocidade como os turcos seljúcidas.
A multidão de Pedro, sem preparo, sem planificação, sem chefes militares experientes, acabou sendo horrivelmente massacrada pelas hordas maometanas.
A multidão de Pedro, sem preparo, sem planificação, sem chefes militares experientes, acabou sendo horrivelmente massacrada pelas hordas maometanas.
Logo o exército dos Francos
partiu em três grupos:
1º
- Pedro, o Eremita, o Duque Godofredo, seu irmão Balduíno, e Balduíno, Conde do
Monte foram pelo caminho que Carlos Magno, o milagroso rei da França, há muito
tempo havia percorrido, até Constantinopla.
2º - Raimundo, Conde de São Gilles e o bispo de Puy ‒ entraram na região da
Eslavônia.
3º - Boemundo, Ricardo dos Principados, Roberto Conde
de Flandres, Roberto o Normando, Hugo o Grande, Everardo de Puiset, Achard de
Montmerle, Ysooard de Mousson, e muitos outros. Passaram pela antiga estrada de
Roma Em seguida foram para os portos de Brindisi, ou Bari, ou Otranto.
Hugo
o Grande e Guilherme, filho de Marchisus, foram para o mar no porto de Bari e,
atravessando o estreito, chegaram a Durazzo. Mas
o governador do lugar, com coração cheio de más intenções, imediatamente levou
estes renomadíssimos homens para o cativeiro tão logo soube que tinham desembarcado
ali, e ordenou que fossem cuidadosamente conduzidos ao Imperador em
Constantinopla, onde deveriam prestar vassalagem a ele.
Como Boemundo tornou-se cruzado
Boemundo soube da grande quantidade de cristãos
que se direcionavam ao Santo Sepulcro, ao investigar mais detalhes, lhe
relataram que esses carregavam armas corretas para a batalha, no ombro direito
levavam a cruz de Cristo e bradavam “Deus o quer! Deus o quer!”. No mesmo
instante, Boemundo rasgou as vestes que trazia consigo e ordenou que fizessem
cruzes delas, depois retornando à sua terra de origem, o Senhor
Boemundo diligentemente se preparou para empreender, com seriedade, a viagem ao
Santo Sepulcro.
Ao cruzar o mar, Boemundo
convocou um conselho com seu povo, confortando e admoestando a todos:
“Senhores, ouvi vós todos, porque somos peregrinos de Deus. Devemos, portanto,
ser melhores e mais humildes que antes. Não saqueiem esta terra, uma vez que
ela pertence aos Cristãos, e que ninguém, sob pena de ferir-se, tome mais do
que necessita para comer”.
Partindo dali, passaram por várias vilas e
cidades, até chegarem ao Rio Vardar, onde, ao atravessarem, foram atacados pelo
Imperador e seus irmãos. Depois da luta, o próprio imperador enviou homens para
conduzi-los em segurança através de sua terra até que chegassem a
Constantinopla. Nesse trajeto Boemundo
não permitiu que seus homens saqueassem as cidades, por conta de seu juramento
ao imperador.
Duque de Godofredo
foi o primeiro à chegar em Constantinopla, com seu grande exército, acampando
fora da cidade, até que o
iníquo Imperador ordenou que ele fosse hospedado em um subúrbio da cidade. O
imperador deu ordem a seus Turcopolos e Patzinaks de atacá-los e matá-los. Mas
o duque, com a ajuda de Deus, o derrotou. O imperador ficou extremamente
zangado e o duque partiu com seus homens para fora e acampou fora da cidade.
Após alguns dias de combate o duque e o imperador chegaram à um acordo. O
Imperador disse-lhe para cruzar o Estreito de São Jorge, e prometeu que teria
todo o tipo de víveres lá, assim como em Constantinopla, e de distribuir
esmolas aos pobres com as quais eles pudessem viver.
Era desejo do
imperador que todos os cruzados prestassem juramento à ele, e em troca da
lealdade forneceria
provisões por terra e mar, e diligentemente repararia seus prejuízos; além
disso, que não queria e nem permitiria que qualquer um dos peregrinos fosse
perturbado ou molestado a caminho do Santo Sepulcro.
Muitas foram as
batalhas e perigos do qual passaram os cruzados no percurso que os levaria ao
Santo Sepulcro, mas a fé absoluta em Nosso Senhor Jesus Cristo jamais permitiu
que desviassem de seu objetivo e lhes deu força quando tudo parecia que não
daria certo. Que esse exemplo de fé nos guie para uma vida de santidade.
Para ler a Gesta completa, acesse o blog As Cruzadas.
Fonte: As Cruzadas
Nenhum comentário:
Postar um comentário