sábado, 12 de janeiro de 2013

Gesta Dei per Francos




A Gesta Dei per Francos é um crônica que relata a primeira Cruzada, tem autor anônimo, sabendo-se apenas que este fazia parte do exercito de Boemundo de Taranto. A Gesta, escrita originalmente em latim, tem uma linguagem rústica, provavelmente o  escritor teve ajuda de um escriba. Posteriormente ela foi reescrita visando beleza histórica e literária.

A narrativa começa com o discurso do Papa Urbano II, convocando os fiéis à lutar em defesa da fé em Cristo, seguindo caminho ao Santo Sepulcro. “Aquele que quiser salvar sua alma não deve hesitar em pegar humildemente o caminho do Senhor, e se não tiver dinheiro suficiente, a misericórdia divina lhe dará o bastante”. O senhor apostólico exortou aos fiéis suportarem o sofrimento pelo nome de Cristo.

E conforme esse discurso começou a repercutir por toda a região, os Francos mandaram costurar cruzes sobre seu ombro direito, dizendo que seguiriam unanimemente os passos de Cristo, pelos quais tinham sido resgatados das garras do inferno. 

O fracasso da Cruzada Popular

O Papa Urbano II e seus sucessores exortavam à Cruzada com explícita exclusão daqueles que não tinham condições de combater ou habilidades para isso, como anciãos e mulheres.
Pedro, o Eremita, desobedecendo ao papa, com seus inflamados discursos congregou uma multidão de populares, incluindo crianças, incapacitados para uma campanha militar do fôlego da Cruzada, contra inimigos da força bélica e da ferocidade como os turcos seljúcidas.

A multidão de Pedro, sem preparo, sem planificação, sem chefes militares experientes, acabou sendo horrivelmente massacrada pelas hordas maometanas.

Logo o exército dos Francos partiu em três grupos:

1º - Pedro, o Eremita, o Duque Godofredo, seu irmão Balduíno, e Balduíno, Conde do Monte foram pelo caminho que Carlos Magno, o milagroso rei da França, há muito tempo havia percorrido, até Constantinopla. 

2º - Raimundo, Conde de São Gilles e o bispo de Puy entraram na região da Eslavônia. 

3º - Boemundo, Ricardo dos Principados, Roberto Conde de Flandres, Roberto o Normando, Hugo o Grande, Everardo de Puiset, Achard de Montmerle, Ysooard de Mousson, e muitos outros. Passaram pela antiga estrada de Roma Em seguida foram para os portos de Brindisi, ou Bari, ou Otranto. 

Hugo o Grande e Guilherme, filho de Marchisus, foram para o mar no porto de Bari e, atravessando o estreito, chegaram a Durazzo. Mas o governador do lugar, com coração cheio de más intenções, imediatamente levou estes renomadíssimos homens para o cativeiro tão logo soube que tinham desembarcado ali, e ordenou que fossem cuidadosamente conduzidos ao Imperador em Constantinopla, onde deveriam prestar vassalagem a ele. 

Como Boemundo tornou-se cruzado

Boemundo soube da grande quantidade de cristãos que se direcionavam ao Santo Sepulcro, ao investigar mais detalhes, lhe relataram que esses carregavam armas corretas para a batalha, no ombro direito levavam a cruz de Cristo e bradavam “Deus o quer! Deus o quer!”. No mesmo instante, Boemundo rasgou as vestes que trazia consigo e ordenou que fizessem cruzes delas, depois retornando à sua terra de origem, o Senhor Boemundo diligentemente se preparou para empreender, com seriedade, a viagem ao Santo Sepulcro.
Ao cruzar o mar, Boemundo convocou um conselho com seu povo, confortando e admoestando a todos: “Senhores, ouvi vós todos, porque somos peregrinos de Deus. Devemos, portanto, ser melhores e mais humildes que antes. Não saqueiem esta terra, uma vez que ela pertence aos Cristãos, e que ninguém, sob pena de ferir-se, tome mais do que necessita para comer”.

Partindo dali, passaram por várias vilas e cidades, até chegarem ao Rio Vardar, onde, ao atravessarem, foram atacados pelo Imperador e seus irmãos. Depois da luta, o próprio imperador enviou homens para conduzi-los em segurança através de sua terra até que chegassem a Constantinopla. Nesse trajeto Boemundo não permitiu que seus homens saqueassem as cidades, por conta de seu juramento ao imperador.

Duque de Godofredo foi o primeiro à chegar em Constantinopla, com seu grande exército, acampando  fora da cidade, até que o iníquo Imperador ordenou que ele fosse hospedado em um subúrbio da cidade. O imperador deu ordem a seus Turcopolos e Patzinaks de atacá-los e matá-los. Mas o duque, com a ajuda de Deus, o derrotou. O imperador ficou extremamente zangado e o duque partiu com seus homens para fora e acampou fora da cidade. Após alguns dias de combate o duque e o imperador chegaram à um acordo. O Imperador disse-lhe para cruzar o Estreito de São Jorge, e prometeu que teria todo o tipo de víveres lá, assim como em Constantinopla, e de distribuir esmolas aos pobres com as quais eles pudessem viver. 

Era desejo do imperador que todos os cruzados prestassem juramento à ele, e em troca da lealdade forneceria provisões por terra e mar, e diligentemente repararia seus prejuízos; além disso, que não queria e nem permitiria que qualquer um dos peregrinos fosse perturbado ou molestado a caminho do Santo Sepulcro. 

Muitas foram as batalhas e perigos do qual passaram os cruzados no percurso que os levaria ao Santo Sepulcro, mas a fé absoluta em Nosso Senhor Jesus Cristo jamais permitiu que desviassem de seu objetivo e lhes deu força quando tudo parecia que não daria certo. Que esse exemplo de fé nos guie para uma vida de santidade.

Para ler a Gesta completa, acesse o blog As Cruzadas.

Fonte: As Cruzadas


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