Santo Afonso de Ligório, Doutor da Igreja
e maior autoridade em Teologia Moral
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SOBRE O VÍCIO DO FALAR IMODESTO
No evangelho do dia de hoje, São Marcos relata o milagre que Nosso Senhor operou, curando um homem que era surdo-mudo, meramente tocando sua língua. “Ele tocou sua língua... a prisão da língua se lhe desfez e ele falava perfeitamente.”. Por essas últimas palavras nós podemos concluir que o homem não era inteiramente mudo, mas que sua língua não estava livre, ou que sua articulação não era distinta. Então, São Marcos nos fala que depois do milagre, ele falou direito. Vamos aplicar isto a nós mesmos. O homem mudo precisava de um milagre para libertar sua língua, e para tirar o impedimento que ele tinha. Mas quantos outros Deus conferiria uma grande graça, se eles freassem a língua, para pararem de falar imodestamente? Primeiro, esse vício causa muitos danos aos outros. Segundo, é danoso a quem fala. Esses dois pontos serão os tópicos do sermão.
Explicando o Salmo 140, Santo
Agostinho chama aqueles que falam obscenidades de mediadores de satanás,
ministros de Lúcifer, porque, pela sua linguagem obscena, o demônio da impureza
ganha acesso às almas, o que, pelas suas sugestões, ele não poderia ter. Dessas
línguas malditas, São Tiago fala: “Também a língua é um fogo, um mundo de
iniqüidade. A língua está entre os nossos membros e contamina todo o corpo; e
sendo inflamada pelo inferno, incendeia o curso da nossa vida.” Tg 3,6. Ele diz
que a língua é um fogo aceso pelo inferno, com o qual aquele que fala
obscenidades, se queima e queima os outros. A língua obscena pode se dizer que
é a língua da terceira pessoa, da qual o Eclesiástico 28:16 diz “A má língua de
um terceiro inquietou a muitos, e dispersou-os de povo em povo.” A língua
espiritual fala de Deus, a língua mundana fala das cosias mundanas, mas a
língua da terceira pessoa é uma língua do inferno, que fala das impurezas da
carne, e essa é a língua que perverte a muitos, levando-os à perdição.
Falando da vida do homem nesta terra, o rei profeta diz, “Torne-se tenebroso e escorregadio o seu caminho” Salmo 34:6. Nesta vida, o homem anda no meio das trevas e em um caminho escorregadio. Então, ele está em perigo de cair a cada passo, a não ser que cautelosamente examine o caminho que percorre, e cuidadosamente evite os passos perigosos – isto é, as ocasiões de pecado. Agora, se no meio desse caminho escorregadio, esforços frequentes são feitos para jogá-lo no chão, não seria um milagre que ele não caísse? Os mediadores de Satanás, ao falar obscenamente, impele os outros a pecarem, os quais, enquanto viverem nesta terra, andam no meio das trevas, e enquanto permanecerem na carne, estão em perigo de caírem no vício da impureza. Daqueles que proferem uma linguagem obscena, foi bem dito, “a boca deles é como um sepulcro aberto”, Salmo 5,11. As bocas dos que não conseguem falar nada a não ser obscenidades imundas são, de acordo com São João Crisóstomo, tantos sepulcros abertos de carcaças putrificadas. “Talia sunt ora hominum qui turpia proferunt”. O cheiro que exala da multitude de corpos mortos jogados nas covas, comunicam infecção e doença a todos que sentem tais odores.
Falando da vida do homem nesta terra, o rei profeta diz, “Torne-se tenebroso e escorregadio o seu caminho” Salmo 34:6. Nesta vida, o homem anda no meio das trevas e em um caminho escorregadio. Então, ele está em perigo de cair a cada passo, a não ser que cautelosamente examine o caminho que percorre, e cuidadosamente evite os passos perigosos – isto é, as ocasiões de pecado. Agora, se no meio desse caminho escorregadio, esforços frequentes são feitos para jogá-lo no chão, não seria um milagre que ele não caísse? Os mediadores de Satanás, ao falar obscenamente, impele os outros a pecarem, os quais, enquanto viverem nesta terra, andam no meio das trevas, e enquanto permanecerem na carne, estão em perigo de caírem no vício da impureza. Daqueles que proferem uma linguagem obscena, foi bem dito, “a boca deles é como um sepulcro aberto”, Salmo 5,11. As bocas dos que não conseguem falar nada a não ser obscenidades imundas são, de acordo com São João Crisóstomo, tantos sepulcros abertos de carcaças putrificadas. “Talia sunt ora hominum qui turpia proferunt”. O cheiro que exala da multitude de corpos mortos jogados nas covas, comunicam infecção e doença a todos que sentem tais odores.
“A chicotada” diz o Eclesiástico, “produz um ferimento, porém uma língua má quebra os ossos.” Eclo 28:21. As chagas do açoite, são chagas da carne, mas as chagas da língua obscena, são chagas que infeccionam os ossos daqueles que ouvem ela falar. São Bernadino de Siena relata que uma virgem, que levava uma vida santa, ouvindo uma palavra obscena de um jovem, começou a ter maus pensamentos, e depois caiu no vício da impureza de tal modo, que se o demônio tomasse corpo humano, ele não seria capaz de cometer tantos pecados desse gênero quanto ela.
A infelicidade é, que essas bocas do inferno, que frequentemente expelem palavras imodestas, as consideram frivolidades, e não se importam em confessá-las; e quando repreendidas por elas, respondem: eu digo essas palavras de brincadeira, e sem malícia. De brincadeira! Infeliz, essa brincadeira faz o diabo rir, e o fará chorar por toda a eternidade no inferno. Em primeiro lugar, é inútil dizer que você diz estas palavras sem malícia, porque quando você usa tais expressões, é muito difícil para você se abster dos atos contra a pureza. De acordo com São Jerônimo, “Aquele que se deleita em palavras, não está longe dos atos”. Ainda, palavras imodestas, faladas na frente de pessoas do sexo diferente, são sempre acompanhadas com complacência pecaminosa. E não é o escândalo que você faz aos outros criminoso? Solte uma só palavra obscena, e levará ao pecado todos aqueles que o ouvem. Tal é doutrina de São Bernardo. “Uma pessoa fala, e ele fala somente uma palavra; mas mata a alma de uma multidão de ouvintes”. Menor pecado seria, se por um disparo de um bacamarte, você conseguisse matar muitas pessoas, porque falando obscenidades, você mata a alma delas.
Em resumo, as línguas obscenas são a ruína do mundo. Uma delas causa maior mal que cem demônios; porque ela é causa de perdição para muitas almas. Não sou eu quem falo, é o Espírito Santo, “a boca enganosa conduz à ruína.” Prov. 26, 28. E quando é que essa devastadora de almas aparece, e tantos insultos hediondos são oferecidos a Deus? É no verão, quando Deus dá os melhores dons temporais. É então que muitos pecados são cometidos através de palavras obscenas, como fossem grãos de milho ou cachos de uva. Ó ingratidão! Como Deus pode nos suportar? E quem é a causa de tais pecados? Aqueles que falam imodestamente são a causa deles. Por isso eles devem prestar conta a Deus, e devem ser punidos por todos os pecados cometidos por aqueles que o ouviram. “Se digo ao malévolo que ele vai morrer, e tu não o prevines e não lhe falas para pô-lo de sobreaviso devido ao seu péssimo proceder, de modo que ele possa viver, ele há de perecer por causa de seu delito, mas é a ti que pedirei conta do seu sangue.” Ezequiel 3,18. Mas vamos ao segundo ponto.
2.Aquele que fala
imodestamente causa grande dano a ele mesmo
Um jovem homem falou: eu falo sem malícia. Em resposta a esta desculpa, eu já falei no primeiro ponto, que é muito difícil usar linguagem imodesta, sem se deleitar nela; e que o falar obscenidades diante de mulheres jovens, casadas ou não casadas, é sempre acompanhado de uma “complacência secreta” no que é dito. Ainda, usando linguagem imodesta, você se expõe ao perigo próximo de cometer ações contra a castidade; porque de acordo com São Jerônimo, como já dissemos, “Aquele que se deleita em palavras, não está longe dos atos”. Todos os homens são inclinados ao mal. “A imaginação e o pensamento do coração de um homem são inclinados ao mau”, Gn 8, 21. Mas, acima de tudo, o homem é afeito ao pecado da impureza, que a própria natureza o inclina. Por isso Santo Agostinho disse, que lutando contra esse vício, “a vitória é rara”, ao menos para aqueles que não tomam devido cuidado. “Communis pugna, et rara victoria”. Agora, os objetos impuros que eles falam, são sempre apresentados na mente daquele que livremente solta palavras obscenas. Esses objetos excitam o prazer, e levam os homens aos desejos pecaminosos e deleitações morosas, e depois em atos criminosos. Esta é a consequência das palavras imodestas que os jovens alegam falar sem malícia.
Um jovem homem falou: eu falo sem malícia. Em resposta a esta desculpa, eu já falei no primeiro ponto, que é muito difícil usar linguagem imodesta, sem se deleitar nela; e que o falar obscenidades diante de mulheres jovens, casadas ou não casadas, é sempre acompanhado de uma “complacência secreta” no que é dito. Ainda, usando linguagem imodesta, você se expõe ao perigo próximo de cometer ações contra a castidade; porque de acordo com São Jerônimo, como já dissemos, “Aquele que se deleita em palavras, não está longe dos atos”. Todos os homens são inclinados ao mal. “A imaginação e o pensamento do coração de um homem são inclinados ao mau”, Gn 8, 21. Mas, acima de tudo, o homem é afeito ao pecado da impureza, que a própria natureza o inclina. Por isso Santo Agostinho disse, que lutando contra esse vício, “a vitória é rara”, ao menos para aqueles que não tomam devido cuidado. “Communis pugna, et rara victoria”. Agora, os objetos impuros que eles falam, são sempre apresentados na mente daquele que livremente solta palavras obscenas. Esses objetos excitam o prazer, e levam os homens aos desejos pecaminosos e deleitações morosas, e depois em atos criminosos. Esta é a consequência das palavras imodestas que os jovens alegam falar sem malícia.
“Não passes por delator, não caias com embaraço nas armadilhas de tua língua,” Eclo 5:16. Cuidado, senão pela sua língua, você forja uma cadeia que o leva ao inferno. “Também a língua é um fogo, um mundo de iniqüidade. A língua está entre os nossos membros e contamina todo o corpo; e sendo inflamada pelo inferno, incendeia o curso da nossa vida.” Tg 3,6, A língua é um dos membros do corpo, mas, quando profere palavras más, infecta o corpo todo, e inflama o curso da nossa vida; inflama e corrompe toda a nossa vida, do nosso nascimento até a velhice. Por isso nós vemos que os homens que se aventuram em obscenidades, não podem, nem na velhice, se abster da linguagem imodesta. Na vida de São Valério, Sirius relata que o santo, viajando, foi um dia se aquecer em uma casa. Ele ouviu o dono da casa e o juiz do distrito, mesmo sendo ambos avançados em idade, conversando sobre assuntos obscenos. O santo repreendeu-os severamente; mas eles não prestaram atenção para essa reprovação. No entanto, Deus puniu os dois; um ficou cego, e uma úlcera atingiu o outro de modo que produziu espasmos mortíferos. Henry Gragerman relata que um desses conversadores obscenos, morreu de repente e sem arrependimento, e que ele foi visto depois no inferno, dilacerando sua língua em pedaços, e quando ela era restaurada, ele começava novamente a dilacerá-la.
Como Deus poderia ter misericórdia com aquele que não tem pena da alma do próximo? “Haverá juízo sem misericórdia para aquele que não usou de misericórdia. A misericórdia triunfa sobre o julgamento.” Tg 2, 13. Oh! Que pena seria ver um desses obscenos desgraçados botando para fora suas expressões imundas perante meninas e jovens casadas! Quanto maior o número de pessoas presentes, mais abominável é a sua linguagem. Acontece com frequência que garotos e garotas estão presentes, e ele não tem horror de escandalizar essas almas inocentes! Cantipratano relata que o filho de um certo nobre na Borgonha, foi mandado para ser educado pelos monges de Cluni. Ele era um anjo de pureza; mas o infeliz garoto, tendo um dia entrado no mercado do carpinteiro, ouviu umas palavras obscenas exclamadas pela mulher do carpinteiro, caiu no pecado, e perdeu sua divina graça. O padre Sabatino, no seu livro intitulado “A luz Evangélica”, relata outro rapaz, de quinze anos, que tendo ouvido coisas imodestas, começou a pensar naquilo na noite seguinte, consentiu no mau pensamento, e morreu subitamente na mesma noite. Seu confessor, ouvindo falar de sua morte, intentava celebrar missa para a alma dele. Mas a alma do rapaz infeliz apareceu para ele, e falou ao confessor que não celebrasse missa para ele – que, por causa das coisas que ele ouviu, ele foi condenado – e a celebração de uma missa iria aumentar as dores dele. Oh Deus! Quão grande, se fosse possível para eles rezarem, seria o pranto dos anjos guardiões dessas pobres crianças, que foram escandalizadas e levadas ao inferno pelas palavras de uma língua obscena! Tamanha será a seriedade com que os anjos pediram a justiça de Deus contra o autores de tais escândalos! Que os anjos iram clamar pela vingança contra eles, é o que parece pelas palavras de Jesus Cristo, “Guardai-vos de menosprezar um só destes pequenos, porque eu vos digo que seus anjos no céu contemplam sem cessar a face de meu Pai que está nos céus.” Mt 18, 10.
Fiquem atentos meus irmãos, e guardem a si mesmos de falar imodestamente, mais do que vocês fariam da morte. Ouçam o conselho do Espírito Santo, “Derrete teu ouro e tua prata; faze uma balança para (pesar) as tuas palavras, e para a tua boca, um freio bem ajustado. Tem cuidado para não pecar pela língua, para não caíres na presença dos inimigos que te espreitam, e para que não venha o teu pecado a ser incurável e mortal.” Eclo 28:29-30. Faça uma balança – você precisa medir suas palavras antes de proferi-las – e um freio ajustado para a sua boca – quando palavras imodestas aparecerem na língua, vocês devem suprimi-las; de outro modo você iria, pronunciando elas, infringir na sua ala, e na alma de outros, uma mortal e incurável ferida. Deus lhe deu a língua, não para ofendê-Lo, mas para louvá-Lo e bendizê-Lo. “Mas”, diz São Paulo, “a fornicação, toda impureza, ou avareza, que disto nem se faça menção entre vós, como convém a santos.” Ef 5, 3. Marque essas palavras: toda a impureza. Nós devemos não só nos abster de toda linguagem obscena, e de toda palavra ambígua, dita de brincadeira, mas também de toda palavra imprópria, inconveniente aos santos, isto é, aos cristãos. É necessário lembrar, que palavras de duplo significado as vezes causam maior dano que a obscenidade escancarada, porque a arte com a qual ela é dita, causa maior impressão na mente.
Reflita, diz Santo Agostinho, que suas bocas são bocas de cristãos, com as quais Jesus Cristo tem tão frequentemente, entrado em santa comunhão. Então, você devem ter o horror de soltar todas essas palavras não castas, que são de um veneno diabólico. “Vejam, irmãos, se pode ser justo que, da boca de cristãos, pela qual o corpo de Cristo entra, um canto imodesto, como veneno diabólico, pode estar”. São Paulo fala, que a língua de um cristão deve sempre estar temperada com sal. “Que as vossas conversas sejam sempre amáveis, temperadas com sal, e sabei responder a cada um devidamente.” Col 4, 6. Nossa conversa deve ser temperada com palavras calculadas para excitar outros, não para ofender, mas para amar a Deus. “Feliz a língua”, disse São Bernardo, “que sabe somente falar de coisas sagradas”. Feliz a língua que sabe somente falar de Deus ! Ó irmãos, tomem cuidado não só de absterem-se de toda linguagem obscena, mas evitem, como se fosse praga, aqueles que falam imodestamente. Quando escutar alguém que começa a soltar palavras obscenas, siga o conselho do Espírito Santo. “Protege teus ouvidos com uma sebe de espinhos; não dês ouvidos à língua maldosa, e põe em tua boca uma porta com ferrolhos.” Eclo 28, 28. Protege teus ouvidos com uma sebe de espinhos – isto é, reprove com zelo aquele que fala obscenidades; ao menos vire a sua face, e mostre que você odeia aquela linguagem. Não devemos ter vergonha de nos apresentar como seguidores de Jesus Cristo, a não ser se quisermos que Jesus Cristo tenha vergonha de nos levar ao paraíso.
Quando a boca, com os lábios fechados, é “ungida” no sacramento da unção dos enfermos, o padre diz: “Por essa unção sagrada e pela misericórdia Divina, que o Senhor perdoe qualquer mal que você tenha feito pelo uso do tato e da fala. Amém”.
"The Sermons of St.Alphonsus Liguori for All Sundays of the year, Sermon XL, pg. 300, TAN Books"
Site: O Príncipe dos Cruzados
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