domingo, 19 de agosto de 2012

O Grande Milagre de Mugnano: A cura de Paulina Maria Jaricot




A cura de Paulina Jaricot é considerada o grande milagre de Mugnano não só por ter sido declarado um milagre de primeira classe pelo Santo Padre Gregório XVI, como também por ter dado origem à instituição do Ofício e da Festa de Santa Filomena e por ter concorrido para tornar universalmente conhecido o nome da Virgem Mártir.


A jovem francesa Paulina Maria Jaricot é, sem dúvida alguma, notável figura na historia da Igreja. Extremamente rica, formosa, inteligente e simpática, despertava na sociedade geral admiração. Apesar de tudo, senta que Deusa chamava para mais altos destinos. Após violento combate, triunfou a graça divina, venceu o Altíssimo. Seguiu-se outra longa e dolorosa aprovação, pois, muito nova ainda, perdeu sua mãe e foi vítima da terrível enfermidade que lhe atacou o corpo e o espírito, transformando-a em verdadeira caricatura do que anteriormente fora. Depois de ligeiras tréguas, sobreveio a doença muito mais grave, que a manteve durante longos anos entre a vida e a morte.

Foi esta jovem, tão rudemente provada e purificada pelo sofrimento, que deu à Igreja, três de suas mais importantes associações modernas, que tem conduzido ao redil de Pedro milhões de almas.

Fundou primeiro o “Rosário Vivo”, depois a “Sociedade da Propagação da Fé” que, por um simples sistema, ideado por ela mesma, redobrou o vigor e a atividade das missões estrangeiras, dilatando-lhes, o raio de ação, com os abundantes donativos que de toda a parte afluíram. E atuo extraordinariamente na organização da Santa Infância, embora não fosse a única fundadora.

A doença que atacou Paulina durante longos anos era de estranha natureza. Sentia fortíssimas palpitações no coração e se via freqüentemente em risco de sufocação. Durante esses horríveis anos de tortura, TVE apenas alguns breves intervalos de alívio, ocorrendo o mais apreciável nofim de uma novena de Santa Filomena, cujo nome andava em todos os lábios, graças às maravilhas que a aconteciam por influência de suas relíquias. Ao ouvir esse querido nome, experimentava Paulina imensa alegria e ardente desejo de ajoelhar perto da urna da milagrosa Virgem. Mas parecia irrealizável semelhante aspiração, pois não podia suportar a mínima fadiga. Ocorreu-lhe então ir pelo menos ao Santuário do Sagrado Coração, em Paray-le-Monial, não para implorar a cura, mas para regularizar casos de consciência.

Tendo visto que, apesar do seu estado, sobrevivera até às excitações do bombardeio, pensou haver em tudo isto algum secreto desígnio da Providência. Sabia também, que a Associação do Rosário Vivo orava por ela. Confiada nessas preces e na bondade de Deus, obteve do médico a declaração de que era tão desesperador o seu estado, que tudo quanto fizesse, não poderia alterar o seu destino. Com tal declaração que a libertou de todo o escrúpulo, seguiu portanto para Paray-le-Monial, acompanhada por seu capelão, uma amiga e uma criada, sua confidente.

As poucas pessoas às quais dissera que iria à Paray-le-Monial julgaram que ela não chegaria viva à primeira paragem, pensando que qualquer abalo da carruagem lhe causasse a morte. Chegou entretanto ao termo de sua viagem e resolveu os casos de consciência que a preocupavam. Vendo que resistira a primeira viagem, decidiu ir à Roma receber a benção do Santo Padre, o que constituía o maior desejo de sua vida. Era decisão de extraordinária coragem e devoção, pois naquela época ir à Roma através dos Alpes, era viagem perigosíssima para uma criatura em tal estado e com tão pequena escolta. Foram horríveis as torturas por que passou. Chegando à Chambéry, ela mesma perdeu as esperanças resignando-se a morrer longe de seu lar e do Vigário de Cristo.

Permaneceu inconsciente durante dois dias. Mas as alunas de um convento fizeram uma novena a Santa Filomena em sua intenção e ao concluí-la, a doente melhorou, prosseguindo-se a viagem.

Quando os viajantes atingiram o cimo do Monte Cenis e pararam a contemplar o maravilhoso panorama que se lhes descortinava, surgiu uma formosa criança que, aproximando-se da carruagem, onde estava Paulina, sorriu-lhe com doçura e lhe ofereceu uma linda rosa branca, de aroma delicioso.

Os guias declararam nunca ter visto aquela criança e não serem possível brotarem rosas naquelas altas montanhas cobertas de neve. Viu Paulina nesse fato, que a todos consolou, uma delicada “atenção da Providência” e seus companheiros o consideraram um símbolo do lindo presente que ela ia fazer ao Santo Padre: a sua primeira obra de grande valor: o Rosário Vivo.

Ao chegarem às planícies italianas, tiveram de viajar à noite, por causa do excessivo calor. Nada receava Paulina, nem dos homens, nem dos espíritos das trevas, confiada na proteção de Nossa Senhora e Santa Filomena, cujas medalhas levavam suspensas à carruagem.

Em Loreto, teve a doente, grave recaída, perdendo-se mais uma vez toda esperança, mas de novo se reanimou e, após alguns dias de repouso, continuaram a viagem para a Cidade Eterna, onde chegou em estado de quase completa inconsciência, tão freqüentes foram as crises durante essa ultima parte da viagem.

Receberam-na afetuosamente as religiosas do sagrado Coração em Trinità dei Monti e era tal a sua fraqueza nessa ocasião que não podia sair do convento. Assim, após tão longa e perigosa viagem, tinha de ficar precisamente na fronteira de Vaticano. Mas, o Santo Padre teve conhecimento de sua chegada e do seu desesperador estado de saúde. E resolveu ir ele próprio visitar a “sua querida filha”.

Era verdadeiramente honra excepcional e extraordinária consolação para aquela humilde moça, receber a visita do Vigário de cristo, que ia não apenas visitá-la e consolá-la, mas também agradecer-lhe e abençoá-la pelo muito que fizera à Igreja. Foi para ela uma visita de Nosso Senhor, pois que em seu Vigário, venerou o próprio Redentor.

Vendo o seu estado, o Santo Padre pediu a ela, que rezasse por ele, ao chegar ao Céu. Ela prometeu e acrescentou: “Mas se, ao regressar de Mugnano, vier boa e for por meu pé ao Vaticano, quererá Vossa Santidade dignar-se proceder sem demora à investigação final sobre o processo de Santa Filomena?” “Sim, minha filha – respondeu o Pontífice – pois esse fato seria, na verdade, um milagre de primeira classe”.

Voltando-se para a Superiora, disse o Santo Padre em italiano: “Está muito doente a nossa filha! Dá-me a impressão de que saiu da sepultura. Nunca mais a veremos. Não voltará”. Paulina compreendeu as suas palavras e sorriu apenas. Ao retirar-se, o Papa a abençoou mais uma vez e a recomendou ao cardeal Lambruschini, concedendo-lhe todos os privilégios e indulgências que era possível conceder.

Paulina resolveu prosseguir a viagem para Mugnano, apesar de seu estado e do terrível calor de Agosto na Itália. Ela piorava cada vez mais e chegou a Nápoles sem fala e quase sem vida. Entretanto, com o olhar, deu a entender que desejava continuar. Chegou a Mugnano, a 8 de Agosto de 1835, ao se iniciarem as solenidades da festa de Santa Filomena.

A principal intenção de Paulina era alcançar não tanto a saúde corporal como outras graças mais preciosas ainda. Entretanto, os bons habitantes de Mugnano, ao saberem quem era ela e donde viera, cheios de simpatia e ciosos da reputação de sua querida Padroeira, ardentemente suplicavam a Santa Filomena que lhe restituísse a saúde e, em sua exaltação, chegavam a bater na Urna da Santa exclamando: “Atende-nos, Filomena! Senão concederes agora o que te pedimos, nunca mais te invocaremos; nesse caso, todos nós procederemos assim. E tanto pior para ti, venerável Santa!” Era tal a gritaria que foi preciso dizer-lhe que a “Signora francese” lhes rogava que orassem em voz baixa.

No dia da festa, ao receber a Sagrada Comunhão junto à Urna da Santa, Paulina sentiu dores tão fortes por todo o corpo e pulsações tão violentas no coração, que desmaiou. Foi tal o desespero da multidão julgando que ela havia morrido, que se achou prudente levá-la para fora da Igreja. Entretanto, recuperando os sentidos, Paulina fez sinal para que a deixassem junto da urna, em que fitou um olhar ardente e devotíssimo.

De repente, brotaram-lhe copiosas lágrimas, subiu-lhe o rubor às pálidas faces e suave calor se lhe derramou pelos membros gelados. Sentiu na alma tão celestial alegria que julgou entrar no Céu. Mas não! Era a vida, estava curada! Esperavam-na ainda longos anos de trabalho e de lutas.

Embora se reconhecesse curada, não o disse logo, com receio do entusiasmo que se havia de seguir. Mas depois, quando o Superior do Santuário teve conhecimento do que acontecera, ordenou que repicassem todos os sinos anunciando o milagre.

Seria impossível descrever o regozijo causado pelo fato. A multidão, dando vivas à Senhora francesa, quis levar esta em triunfo, ao que ela terminantemente se opôs.

Demorou-se Paulina algum tempo em Mugnano fez uma novena em ação de graças indo todos os dias a pé, desde sua casa até a Igreja, onde passava longas horas em colóquios com sua benfeitora, recebendo graças ainda mais preciosas para a alma que para o corpo. No fim da novena, deixou junto à Urna a cadeira de braços em que viera e se consagrou solenemente à querida Santa, tomando o seu nome e vestindo o hábito das Irmãzinhas de Santa Filomena, à exceção do véu.

Quando chegou o dia da partida,colocou dentro de uma viagem de tamanho natural uma grande relíquia da Santa. Vestiu ricamente a imagem em seda branca, com bordados a ouro, a qual tinha nas mãos a ancora e a palma. Ornava-lhe a cabeça um diadema, lembrando a sua origem real. Paulina deu à imagem o lugar de honra, sentando-se defronte sem que esta posição lhe causasse o menor abalo.

Durante a viagem, todos aclamavam Santa Filomena como a “Princesa do Paraíso” e, nas diversas estações, os postilhões que tinham visto Paulina moribunda proclamavam o milagre! A seus brados, corria a multidão trazendo coroas e grinaldas que suspendiam à carruagem.

Em Nápoles, foi grande o alvoroço e a comoção do povo. O Arcebispo recebeu Paulina com grandes honras dando-lhe a venerar o sangue de S. Januário.

Em breve chegaram a Roma a “Princesa do Paraíso” e sua escolta. Não anunciara Paulina a sua cura para poder gozar da surpresa do Santo Padre. Quando se apresentou no Vaticano, causou o assombro de quantos o viram. E o Santo Padre exclamou: “Mas é realmente a minha querida filha? É uma defunta que se ergueu da sepultura ou quis Deus manifestar em seu favor o poder da Virgem Mártir?” Paulina lhe pediu licença para construir uma Capela em honra de sua Benfeitora, ao que o Papa prontamente acedeu, insistindo em ouvir de seus próprios lábios todos os pormenores da cura, exigindo também que andasse de um lado ao outro em sua presença, e cada vez mais depressa. E como, ao andar assim, tivesse voltado as costas ao Soberano Pontífice e lhe lembrassem a etiqueta, imediatamente o Papa num sorriso: “Não se preocupe com isso. Até Deus Onipotente fez grandes exceções em seu favor!”

Desejou o Santo Padre que Paulina se conservasse em Roma durante um ano para que se pudesse investigar o milagre com todo o rigor. Conferiu-lhe muitos e grandes privilégios e deu ordem para que se iniciasse imediato inquérito sobre o processo de Santa Filomena.

Após um ano, o regresso de Paulina a Fourvière foi saudado como extraordinário milagre. Grande multidão a acompanhou ao Santuário, unindo-se ao seu Magnificat de ação de graças. Paulina mandou construir uma Capela dedicada à Virgem Mátir em propriedade sua, na encosta de Fourvière, reprodução em miniatura do Santuário d Mugnano,e até o fim da vida passou longas horas em preces diante da relíquia da Mártir. Empregava todos os meios ao seu alcance para expandira devoção de sua celestial protetora que correspondeu com inúmeros milagres à devoção do povo.

O amor e a veneração que a frança dedica à Virgem mártir devem-se em grande parte, aos esforços e virtudes de Paulina Maria Jaricot.

Livro: Santa Filomena, princesa do céu

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...