segunda-feira, 2 de março de 2015

Cinco Promessas do Novo Testamento para a Igreja Hoje, Amanhã e Sempre



Stat crux dum volvitur orbis é o lema da Ordem dos Cartuxos. É  latim para "o mundo gira enquanto a cruz permanece". É um reconhecimento que o Evangelho e atemporal e eterno. Mas o Evangelho também é histórico. O Evangelho é parte da história, pois Cristo entrou na história por meio de sua Encarnação. Em todas as eras a Igreja apresentou as verdades atemporais do Evangelho de uma forma que o mundo que a cerca pudesse compreender. Ela usa diferentes métodos quando necessário, mas sempre com a mesma mensagem. 

Essa compreensão do Evangelho é desafiada por dois partidos ideológicos. De um lado temos aqueles que sustentam que a Igreja deve se "adequar ao mundo" abandonando seus ensinamentos incômodos. É lamentável como pessoas comuns deixam a Igreja por discordarem sobre questões políticas. Se tornaram tão convencidas de suas próprias visões políticas que elas tratam as visões políticas da Igreja como desatualizadas e falsas. É uma rejeição do Evangelho atemporal. 

Por outro lado temos aqueles que tratam o Evangelho como mero projeto pessoal, como se a maneira de descobrir a verdade do Evangelho fosse unir a Bíblia com o significado que você imagina ser o certo, desconsiderando milênios de reflexão dos cristãos sobre determinadas matérias. Essa é uma rejeição do Evangelho enquanto realidade histórica. Tal atitude se assemelha tentativa de construir seu próprio Estado baseado em sua própria interpretação da Constituição Estados Unidos da America. Não importa quanto você se esforce, não importa quanto pareça convincente para alguns desavisados, não importa quanto se aproxime do espírito da Constituição, no fim das contas não seria o mesmo país, mas uma falsificação. Assim como a Constituição de um Estado está relacionada com a formação desse, essa relação é ainda mais estreita a respeito do Evangelho e a Igreja. 

Ambas as rejeições - da atemporalidade e historicidade do Evangelho - são respondidas pela Bíblia. 

Cinco Promessas do Evangelho a Igreja Pós-Apostólica 

Muitas promessas foram feitas para assegurar-nos que as verdades do Evangelho permanecerão incorruptíveis para sempre. Isso significa que não é necessário abandonar a verdade para se adaptar ao mundo ou restaurar aquilo que foi corrompido. Olhemos para cinco temas em que as Escrituras apontam ao futuro para nos dizer como seria a Igreja pós-apostólica. 

1 - A Igreja Sempre Possuirá a Plenitude da Verdade

Na Ultima Ceia, Jesus promete enviar o Espírito Santo para guiar a Igreja a plenitude da verdade (São João 14,25-26):

"Disse-vos estas coisas enquanto estou convosco. Mas o Paráclito, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, ensinar-vos-á todas as coisas e vos recordará tudo o que vos tenho dito".

Ele prometeu que o Espírito da Verdade, o Espírito Santo, permanecerá conosco para sempre (São João 14,16-17):

"E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Paráclito, para que fique eternamente convosco. É o Espírito da Verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê nem o conhece, mas vós o conhecereis, porque permanecerá convosco e estará em vós".

Essa é verdadeiramente uma dupla promessa: o Espírito Santo permanecerá na Igreja para sempre e preservará a Igreja na plenitude da verdade. 

2 - Seremos Chamados a Permanecer na Igreja

É uma promessa e uma oração. Também na Ultima Ceia, Jesus reza por nós, os cristãos da Igreja Apostólica (São João 17,18-23): 

"Como tu me enviaste ao mundo, também eu os enviei ao mundo. Santifico-me por eles para que também eles sejam santificados pela verdade. Não rogo somente por eles, mas também por aqueles que por sua palavra hão de crer em mim. Para que todos sejam um, assim como tu, Pai, estás em mim e eu em ti, para que também eles estejam em nós e o mundo creia que tu me enviaste. Dei-lhes a glória que me deste, para que sejam um, como nós somos um: eu neles e tu em mim, para que sejam perfeitos na unidade e o mundo reconheça que me enviaste e os amaste, como amaste a mim".

Há uma promessa nessa oração: mesmo apesar da infidelidade dos cristãos que se separam da única Esposa de Cristo e não corresponderam ao chamado da unidade, a Igreja sempre preservará sua unicidade pois a Glória de Cristo foi dada a ela. Ele consagrou a Igreja na verdade. É apenas por sua graça que estabeleceu a Igreja na verdade que somos chamados a permanecer nela para sempre. 

Se de alguma fosse possível que a Igreja pudesse perder a plenitude da verdade seriamos chamados não a permanecer, mas sim a nos tornarmos hereges ou cismáticos. As Escrituras condenam ambas atitudes, pois ao nos instruir a permanecer na verdade, na unidade dessa Igreja que é guardiã da verdade, Cristo deixa claro que tais escolhas (heresia e cisma) jamais seriam lícitas. 

3 - O Sacrifício Eucarístico será Oferecido Continuamente

A Páscoa foi estabelecida como celebração perpétua, para eternidade (Êxodo 12,13-14): 

O sangue sobre as casas em que habitais vos servirá de sinal (de proteção): vendo o sangue, passarei adiante, e não sereis atingidos pelo flagelo destruidor, quando eu ferir o Egito. Conservareis a memória daquele dia, celebrando-o com uma festa em honra do Senhor: fareis isso de geração em geração, pois é uma instituição perpétua.

Cristo não aboliu a Páscoa, pelo contrário, ele a cumpriu e aperfeiçoou. Em sua Paixão e Morte, "Cristo, nosso cordeiro pascoal, foi sacrificado" ( I Coríntios 5,7). Seu Sacrifício Pascoal começa na Ultima Ceia - que, não coincidentemente, é uma ceia pascoal (São Lucas 22,14-16):

"Chegada que foi a hora, Jesus pôs-se à mesa, e com ele os apóstolos. Disse-lhes: Tenho desejado ardentemente comer convosco esta Páscoa, antes de sofrer. Pois vos digo: não tornarei a comê-la, até que ela se cumpra no Reino de Deus".

A descrição de São Lucas sobre a Ultima Ceia é cheia de significado, como quando ele diz tudo isso aconteceu no "dia dos pães sem fermento, em que o cordeiro pascoal deveria ser sacrificado" (São Lucas 22,7). Ele claramente tem dois cordeiros em mente: o cordeiro da Antiga Aliança e o Cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo (São João 1,29). 

Na Páscoa judaica há dois ações separadas realizadas em dois dias distintos: (1) o cordeiro é morto e (2) o cordeiro é comido. Esses correspondem a (1) Sexta-Feira Santa e (2) a Ultima Ceia e a Santa Missa. 

Na Sexta Feira Santa a morte de Jesus na Cruz acontece de "uma vez por todas" (Romanos 6,10; Hebreus 7,27). Mas a Ultima Ceia não é designada por ter ocorrido de uma ver por todas, pelo contrário, Cristo instrui seus Apóstolos a perpetua-la (São Lucas 22,19-20): 

"Tomou em seguida o pão e depois de ter dado graças, partiu-o e deu-lho, dizendo: Isto é o meu corpo, que é dado por vós; fazei isto em memória de mim. Do mesmo modo tomou também o cálice, depois de cear, dizendo: Este cálice é a Nova Aliança em meu sangue, que é derramado por vós..."

Por estas palavras o memorial da Páscoa se torna memorial da Ultima Ceia, memorial do Sacrifício de Cristo. Sacrifício este se faz presente em cada Santa Missa. 

São Paulo ao explicar a Liturgia Eucarística, afirma que o Sacrifício Eucarístico nos incorpora no Corpo e Sangue de Cristo (I Coríntios 10,16-17): 

"O cálice de bênção, que abençoamos, não é a comunhão do sangue de Cristo? E o pão, que partimos, não é a comunhão do corpo de Cristo? Uma vez que há um único pão, nós, embora sendo muitos, formamos um só corpo, porque todos nós comungamos do mesmo pão".

Além de cumprir a promessa do Antigo Testamento de que o Sacrifício da Páscoa continuaria por todas as gerações, o Sacrifício Eucarístico também cumpri a profecia de Malaquias 1,11 sobre a Nova Aliança:

"Porque, do nascente ao poente, meu nome é grande entre as nações e em todo lugar se oferecem ao meu nome o incenso, sacrifícios e oblações puras. Sim, grande é o meu nome entre as nações - diz o Senhor dos exércitos".

Ouvimos isso na Didaquê do primeiro século, que descreve a Missa Dominical (Didaquê, XIV): 

"Reúna-se no dia do Senhor para partir o pão e agradecer após ter confessado seus pecados, para que o sacrifício seja puro. Aquele que está brigado com seu companheiro não pode juntar-se antes de se reconciliar, para que o sacrifício oferecido não seja profanado. Esse é o sacrifício do qual o Senhor disse: "Em todo lugar e em todo tempo, seja oferecido um sacrifício puro porque sou um grande rei - diz o Senhor - e o meu nome é admirável entre as nações".

Sobre isso somos assegurados que a Missa continuará, dia após dia, semana após semana, do tempo de Cristo até o fim do mundo a tornar presente o Sacrifício do Senhor. Além disso uma leitura atenta de São Lucas 22,14-16, deixa claro que o grande cumprimento da Ultima Ceia se dará "no Reino de Deus". Essa é uma referencia ao Banquete Eucarístico de Jesus o Noivo com a Igreja, sua Noiva, na qual nossa união será consumada (Apocalipse 19,9). 

4 - A Virgem Maria será Louvada por Todas as Gerações

Na famosa oração de Maria, o Magnificat, ela proclama (São Lucas 1,46b-49):

E Maria disse: Minha alma glorifica ao Senhor, meu espírito exulta de alegria em Deus, meu Salvador, porque olhou para sua pobre serva. Por isto, desde agora, me proclamarão bem-aventurada todas as gerações, porque realizou em mim maravilhas aquele que é poderoso e cujo nome é Santo.

Maria está tanto profetizando o que acontecerá - que todas as gerações de cristãos a louvarão como bem-aventurada - quanto nos deixando saber que isso deve acontecer. Ela diz que esse louvor é devido a Santidade de Deus. Em outras palavras Maria nos diz, que honra-la não diminui a Santidade de Deus, mas decorre da própria Santidade do Altíssimo. 

Pare e pense sobre o que isso significa. Mary não está falando sobre o louvor morno, dos cristãos mornos modernos, que temem que ao louvar Maria, de alguma forma poderia deixar seu Filho com ciúmes. Maria fala sobre todas essas gerações a horaram sem temor, 

Por exemplo o louvor oferecido por São Gregório Taumaturgo, no terceiro século (Homília de São Gregório Taumaturgo, acerca da Santíssima Mãe de Deus, Sempre Virgem, 21):

"Um novo esplendor da luz eterna agora brilha diante de nós na  harmonia dessas palavras. Agora é  adequada me perguntar, conforme a maneira da Virgem Santa, a quem, é sabia e decente antes de todas as coisas o anjo deu saudação assim: "Sê feliz e se alegre-se"; porque com ela são vivificados e ao vivem, todos os tesouros da graça. Entre todas as nações só ela era ao mesmo tempo virgem e mãe sem conhecer homem. Santa de corpo e alma. Entre todas as nações só ela foi feita digna de trazer Deus; só que ela carregava Aquele que sustenta tudo Sua Palavra".

A Liturgia tanto do Ocidente quanto principalmente do Oriente louvam a Virgem Maria com termos fortes. Por exemplo na Divina Liturgia de São João Crisóstomo, a liturgia eucarística mais comum os católicos orientais bizantinos, reza-se: 

"É realmente justo bendizer-te, Theotokos [Mãe de Deus; literalmente Portadora de Deus], sempre abençoada, toda pura e mãe do nosso Deus. Mais venerável que os Querubins, e além da comparação com o mais glorioso do que o Serafins, sem corrupção destes à luz a Deus, o Verbo. Nós vos exaltamos, verdadeira Theotokos". 

É isto que a Virgem Maria quis dizer quando afirmou que todas as gerações a proclamarão bem-aventurada. 

5 - A Igreja Nunca será Abandonada ou Derrotada

Uma ultima promessa presente na descrição de São João da Ultima Ceia. Em São João 14,18, Jesus promete "Não vos deixarei órfãos. Voltarei a vós". Ele cumpriu essa promessa permanecendo conosco conforme a ultima linha do Evangelho de São Mateus (São Mateus 28.20):

"Ensinai-as a observar tudo o que vos prescrevi. Eis que estou convosco todos os dias, até o fim do mundo".

E na sua promessa a Igreja, Jesus disse a São Pedro (São Mateus 16,18-19):

"E eu te declaro: tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja; as portas do inferno não prevalecerão contra ela. 19. Eu te darei as chaves do Reino dos céus: tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus".

Ainda que possamos deixar a Igreja (por cisma, heresia ou apostasia) a Igreja permanecerá para sempre. E não apenas permanecerá para sempre, mas permanecerá na verdade.

Protestantismo, Progressismo e a Promessa de Deus

Compare o que Cristo e Maria prometem nas Escrituras com o que os reformadores e os progressistas (dentro e fora da Igreja) oferecem. Em termos gerais, os reformadores protestantes negaram cada uma dessas promessas, afirmando que:

1 - A Igreja não possuí a plenitude verdade; 

2 - Foi moralmente correto (mesmo necessário) romper com a Igreja; 

3 - A Missa não é um verdadeiro sacrifício, e deve ser eliminada; 

4 - O tipo de devoção a Maria oferecida ao longo das gerações anteriores era ofensiva a glória de Deus, e deve ser interrompida.

5 - Toda a Igreja caiu em apostasia, em algum momento no passado. 

Progressistas modernos também negam cada uma das promessas (embora alguns não estejam cientes das consequências de suas afirmações), mas por razões diferentes. 

Os reformadores estavam interessados ​​em deixar de lado os ensinamentos do presente para tentar recuperar os do passado, na crença de que a verdadeira fé tinha perdido. 

Os progressistas querem abandonar os ensinamentos do presente para os ensinamentos do futuro, na crença de que a sociedade, e do cristianismo, se dirijam a algum sistema. 

Ambos os lados estão errados. O Deus Vivo prometeu uma Igreja, consagrados na verdade, que nos confirma na verdade no passado, presente e futuro. A Igreja, a sua ortodoxia, sua veneração Maria e ao Santo Sacrifício da Missa jamais se apartarão. Nem é a nossa necessidade de ser parte dessa grande Igreja. O mundo gira, no entanto a Cruz permanece. 


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...